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Congresso debate relação das atuais mudanças com o mal-estar no trabalho
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Submissão de trabalhos vai até o dia 23 de abril.
Nos dias 27 e 28 de abril, o Salão Nobre da Faculdade de Medicina da UFMG receberá o Congresso Saúde Mental e Trabalho com o tema “Mal-estar no trabalho”. De acordo com o professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Instituição, Helian Nunes, coordenador do evento, “a ideia é colocar em pauta a saúde mental do trabalhador, considerando o atual desconforto político, cultural e econômico, como a perda de direitos trabalhistas e aumento de desemprego, o que é um fator de risco para a depressão e o suicídio”.
“Também há uma competição acirrada pelas vagas que são poucas, o que acontece inclusive na área da saúde, com formação de um número cada vez maior de médicos, às vezes em instituições com pouca qualidade, sem aumentar as oportunidades de residência, por exemplo”, lembra Nunes. “Além disso, tivemos mudanças recentes entre a relação do trabalhador e a empresa ou chefia. Ainda não temos uma ideia do tanto que isso vai repercutir na saúde, mas já trazem uma apreensão e preocupação”, aponta.
Com essas mudanças, o professor sugere a possibilidade de haver um aumento no número bruto de casos, bem como maior proporção na taxa de pessoas com problemas na saúde mental. Por isso ele defende a relevância deste momento para o Congresso, voltado, principalmente, para quem trabalha na área. “O evento também tende a contribuir com os demais profissionais de saúde, trabalhadores ou representantes sindicais. Todos podem vir receber um pouco do debate e levar para onde estão lidando com estes problemas“, argumenta.
Os interessados podem se inscrever até 26 de abril no site da Fundep e escolher a forma de participação, online ou presencial, com a opção de submissão de trabalho até 23 de abril, de acordo com as normas descritas no site do Congresso. Os trabalhos estarão disponíveis para acesso no site do evento e os melhores serão apresentados durante a programação do Congresso.
O professor destaca que o evento contará com profissional, de diversos locais do Brasil, experientes em pesquisas acadêmicas e ensino no assunto, como assédio moral, epidemiologia do suicídio no trabalho, a violência e as relações hierárquicas, além da desidentificação do sujeito com o trabalho. Ao final, há a proposta de apresentar modelos de intervenção para que as instituições possam se nortear em relação às mudanças e diminuir o mal-estar no seus ambientes.
“Ao reunir todas essas pessoas em um mesmo espaço para trocar ideias e experiências, espero compreendemos um pouco mais sobre esse fenômeno do adoecimento mental e psíquico do trabalhador, em relação ao contexto, às políticas públicas, com a sociedade e até com o indivíduo em si”, afirma o professor.
O debate
O professor lembra que ao falar do trabalho, é preciso pensar em todos os ciclos da vida em que ele faz parte, não só no jovem adulto produtivo. “É importante considerar as crianças que aprendem com os pais, na escola e na sociedade, bem como os aposentados ou os em diminuição do ritmo de trabalho, os quais não encontram espaço na sociedade mesmo com tanta experiência e sabedoria”, explica.
“O adoecimento mental, por não ser tão concreto como uma perna quebrada, às vezes é confundida como preguiça, má vontade ou desinteresse. Não podemos simplesmente excluir essas pessoas. Além do dever solidário, até porque qualquer um pode ficar nessa situação, se fôssemos ir excluindo todos com algum problema, não restaria ninguém”, ressalta Helian Nunes. Para o professor, a ideia básica é descobrir o potencial de cada pessoa, mesmo com seus limites, e incluí-las para uma sociedade melhor.
Confira a programação completa.
Organização
O Congresso é promovido pelo Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, com apoio do Núcleo de Promoção da Saúde e Prevenção da Violência; Observatório de Saúde do Trabalhador de Belo Horizonte (Osat); Serviço Especializado em Saúde do Trabalhador do Hospital das Clínicas (HC); e as residências de Medicina do Trabalho do HC e de Psiquiatria Forense da Fhemig.
Mais informações na página do Congresso Saúde Mental e Trabalho.
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