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Protocolo de Atenção à saúde dos trabalhadores expostos ao chumbo metálico

O chumbo constitui um metal abundante na crosta terrestre estando amplamente distribuído e sendo encontrado livre e em associação com outros elementos. Seu número atômico é 82, seu peso atômico 207,21 e seu ponto de fusão 337°C. O metal começa a emitir vapores a 550°C, entrando em ebulição ao atingir cerca de 1.740°C. Em associação com outros elementos, origina compostos como: sulfato de chumbo, arsenato de chumbo, dióxido de chumbo, chumbo-tetraetila, chumbo tetrametila, litargirio, zarcão, alvaiade entre outros (CORDEIRO; LIMA FILHO, 1995). Suas fontes naturais incluem as emissões vulcânicas, o “intemperismo” geoquímico e as emissões provenientes do mar. Entretanto, devido à intensa utilização do metal pelos homens nos últimos séculos a mensuração do conteúdo de chumbo proveniente de fontes naturais tornou-se difícil (QUITÉRIO, 2001). 

O baixo ponto de fusão, a ductibilidade e a facilidade de formar ligas justificam a ampla utilização do chumbo, desde a antigüidade, para fabricação de utensílios domésticos, armas e adornos, tendo provocado inúmeros casos de intoxicações ocupacionais e ambientais. Os riscos à saúde decorrentes da exposição ocupacional ou ambiental ao chumbo foram descritos há mais de 2000 anos. No entanto, é a partir da revolução industrial no século XVIII que a utilização do metal atinge grande escala e as concentrações de chumbo atmosférico passam a crescer paulatinamente, assim como a concentração do metal no sangue dos expostos (PALOLIELO, 1996; MOREIRA, F; MOREIRA, J., 2004).

O chumbo não apresenta nenhuma função fisiológica conhecida sobre o organismo de seres humanos e animais. Os processos fisiológicos de absorção, distribuição,  armazenamento e eliminação do metal são influenciados por fatores endógenos (constituição genética, fatores antropométricos, estado de saúde) e fatores exógenos, tais como carga de trabalho, exposição simultânea a outras substâncias, drogas, álcool e fumo (MOREIRA, F.; MOREIRA, J., 2004).  

Nos países desenvolvidos a ocorrência de casos de intoxicações ocupacionais pelo chumbo (saturnismo) vem se tornando cada vez menos freqüente e grande investimento tem sido feito na identificação de efeitos à saúde decorrentes da exposição a baixas concentrações nos ambientes de trabalho e no meio ambiente, muitas das quais consideradas seguras pelas legislações de segurança e medicina do trabalho. 

No Brasil não existem registros ou estimativas confiáveis do número de indivíduos expostos ocupacional e ambientalmente ao metal, embora a literatura especializada venha apontando grupos de trabalhadores intoxicados principalmente entre os envolvidos na produção, reforma e reciclagem de baterias automotivas (OKADA, 1997; SANTOS, 1993; STAUDINGER, 1998; SILVEIRA; MARINE, 1991). Cresce ainda a preocupação com os agravos à saúde decorrentes de exposições ambientais ao metal. 
 

Referência bibliográfica: 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde dos trabalhadores expostos ao chumbo metálico. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006. 44p. (Saúde do Trabalhador: Protocolo de Complexidade Diferenciada, n. 4; Série A. Normas e Manuais Técnicos). ISBN 85-334-1145-6. Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/protocolo-atencao-saude-trabalhadores-expostos-chumbo-metalico. Acesso em: 17 dez. 2018.

CID: 
Capítulo III - Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários (D50-D89), Anemias aplásticas e outras anemias (D60-D64), Outras anemias (D64), Anemias hemolíticas (D55-D59), Anemia devida a transtornos enzimáticos (D55), Capítulo IV - Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (E00-E90), Transtornos da glândula tireóide (E00-E07), Outros hipotireoidismos (E03), Capítulo IX - Doenças do aparelho circulatório (I00-I99), Doenças hipertensivas (I10-I15), Hipertensão essencial (primária) (I10), Outras formas de doença do coração (I30-I52), Outras arritmias cardíacas (I49), Capítulo V - Transtornos mentais e comportamentais (F00-F99), Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos (F00-F09), Outros transtornos mentais devidos a lesão e disfunção cerebral e a doença física (F06), Capítulo VI - Doenças do sistema nervoso (G00-G99), Outros transtornos do sistema nervoso (G90-G99), Encefalopatia tóxica (G92), Transtornos dos nervos, das raízes e dos plexos nervosos (G50-G59), Transtornos de outros nervos cranianos (G52), Capítulo XI - Doenças do aparelho digestivo (K00-K93), Outras doenças dos intestinos (K55-K63), Outros transtornos funcionais do intestino (K59), Capítulo XIII - Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M00-M99), Poliartropatias inflamatórias (M05-M14), Gota (M10), Capítulo XIV - Doenças do aparelho geniturinário (N00-N99), Doenças dos órgãos genitais masculinos (N40-N51), Infertilidade masculina (N46), Doenças renais túbulo-intersticiais (N10-N16), Afecções tubulares e túbulo-intersticiais induzidas por drogas ou metais pesados (N14), Insuficiência renal (N17-N19), Insuficiência renal aguda (N17), Capítulo XIX - Lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas (S00-T98), Efeitos tóxicos de substâncias de origem predominantemente não-medicinal (T51-T65), Efeito tóxico de metais (T56), Capítulo XVIII - Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte (R00-R99), Achados anormais de exames de sangue, sem diagnóstico (R70-R79), Presença de drogas e de outras substâncias normalmente não encontradas no sangue (R78)