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SRTE determina interdição da refinaria após vazamento de benzeno

A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Bahia (SRTE/BA) determinou no dia 13 de julho a interdição dos setores em que ocorreu o vazamento de benzeno na Refinaria Landulfo Alves, localizada na cidade de São Francisco do Conde, na região metropolitana de Salvador. De acordo com a SRTE, na segunda-feira (23) uma equipe retornou ao local e constatou que os problemas encontrados ainda não foram solucionados.

“A equipe da SRTE/BA retornou ao local, juntamente com um especialista em higiene ocupacional da Fundacentro e o Sindicato dos Trabalhadores Petroleiros da Bahia, e verificou que, embora a empresa tenha adotado algumas medidas de controle dos riscos químicos, como a drenagem dos agentes químicos, ainda não foi sanada a situação que gerou o vazamento durante a drenagem de produtos químicos, razão pela qual foi mantida a interdição”, comunicou a Superintendência em nota enviada a imprensa.

A SRTE informou ainda que para que a interdição seja suspensa, a Petrobras deverá corrigir o vazamento encontrado na refinaria.

A assessoria de comunicação da Petrobras informou em nota que SRTE constatou na visita realizada na segunda-feira que a refinaria cumpre as orientações estabelecidas pelo órgão. “A Petrobras ressalta ainda que as unidades somente serão liberadas para os serviços de manutenção após conclusão dos procedimentos: emissão de laudo técnico pela Refinaria, confirmando o atendimento aos requisitos pré estabelecidos em planejamento e recomendados pela SRTE e apresentação do plano de ação para recuperação da linha do sistema de drenagem, que atualmente encontra-se inoperante e bloqueado”.

Gerente é notificado

O gerente geral da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), Cláudio Pimentel, foi notificado pela coordenação do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cesat) na quinta-feira (19). O Cesat informou que determinou que a direção da RLAM realize com urgência a manutenção dos atuais pontos de vazamento e que a drenagem só seja feita em sistema fechado, de forma a não permitir ocorrer emissões de substâncias com presença de benzeno.

O Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cesat) confirmou o vazamento de benzeno na Refinaria Landulpho Alves. A informação foi revelada após uma vistoria criteriosa realizada na terça-feira (17).  Segundo Alexandre Jacobina, coordenador do Cesat, o vazamento pode ter sido causado pelas drenagens e por uma tentativa de descobrir um furo em uma tubulação.

Alexandre Jacobina conta que o 1 TPM (em um milhão de partes do ar é encontrado uma parte de benzeno) é limite para qual o trabalhador pode ser exposto ao benzeno, contanto que esteja com a proteção adequada. “A tecnologia hoje disponível dá conta de você trabalhar com o limite de 1 TPM. Mesmo assim não é um limite considerado completamente seguro. Há risco de adquirir câncer. Não existe limite seguro do benzeno”, relata o coordenador.  Segundo ele, a Cesat encontrou valores bem acima de 1 TPM na refinaria. “Em uma determinada ação encontraram até 22 TPM’s. Também foram encontrados dois trabalhadores fazendo escavação sem proteção respiratória”, diz Jacobina.

Benzeno dentro dos limites

A Petrobras afirma que as medições da presença de benzeno realizadas por técnicos do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cesat) confirmaram que não existe risco aos trabalhadores. Segundo nota enviada a imprensa, apenas em uma área isolada da unidade algumas medições registraram a presença de benzeno em valores que exigem a utilização de equipamentos de segurança. A empresa acrescenta que o acesso a essa área é feito exclusivamente após a autorização da Segurança Industrial e com o uso de equipamentos adequados.

“Os níveis de benzeno encontrados nesta área são pertinentes ao processo de liberação da unidade para parada de manutenção e não estão associados ao vazamento de nitrogênio com traços de hidrocarboneto e benzeno identificado na sexta feira, cujo sistema está inoperante e bloqueado”, diz a nota.

Nesta segunda-feira (16), membros do Sindipetro-BA e do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial de Candeias (Siticcan) se reuniram com representantes da Petrobrás para discutir a situação da refinaria.

Segundo o diretor de Segurança, Meio Ambiente e Saúde do Sindipetro-Ba, Deyvid Bacelar, os representantes da Petrobras afirmaram que estão tentando ao máximo evitar exposição do trabalhador sem equipamentos de proteção respiratória. “Mas a contaminação também está acontecendo pelo ar. Na verdade, o ambiente está contaminado”, relata Bacelar.

De acordo com Bacelar, o maior problema é a drenagem, que deveria ser feita por uma linha fechada e é feita hoje por um sistema aberto. “O sistema deles está danificado. Eles teriam que achar uma outra tecnologia para que a drenagem fosse feita da maneira correta”, diz o diretor do Sindipetro-BA.

Denúncia

Deyvid Bacelar diz que visitou a área e constatou o vazamento no sábado (14). De acordo com o sindicalista, o serviço realizado no local já despertava a preocupação da categoria e, por isso, a Superintendência do Trabalho e Emprego de Camaçari (SRTE) foi acionada no dia 6 de junho, antes da identificação do vazamento.

"Já tínhamos receio da exposição das pessoas e avaliamos que as condições de trabalho e segurança no local são inadequadas", pontua Bacelar, que afirmou ainda que a Petrobras deve emitir relatório técnico que será enviado ao Ministério Público do Trabalho.

O sindicato afirma que um técnico que trabalha na refinaria teria identificado o vazamento na sexta-feira (13), quando registrou a ocorrência em um Certificado de Inspeção de Segurança, documento interno da empresa. A exposição ao benzeno é tóxica ao organismo humano, podendo gerar problemas de saúde como a leucemia.

Fonte: G1, 24/07/2012