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Minas tem maior prevalência de pacientes com silicose
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A sessão científica Silicose: passado, presente e futuro realizada no Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), no dia 26/2, alertou sobre as causas de uma das mais graves doenças pulmonares ocasionada pela inalação de poeiras minerais contendo partículas de sílica livre. Apresentada pela pneumologista do Ambulatório de Pneumopatias Ocupacionais do Cesteh, Patrícia Canto Ribeiro, a palestra contou, ainda, com a presença do também pneumologista e diretor da ENSP, Hermano Castro. No caso do Rio de Janeiro, a indústria naval foi considerada a principal atividade de risco, enquanto Minas Gerais possui a maior prevalência de pacientes com silicose, devido à mineração.
A silicose, conforme explicou Patrícia, é uma doença pulmonar crônica fibrosante causada pela exposição de indivíduos à sílica livre e caracterizada por fibrose pulmonar com formação de granulomas. O agente patogênico da silicose é a poeira de sílica livre ou dióxido de silício, na forma livre. O jateamento de areia é a principal atividade causadora da doença, devido à liberação em grande quantidade de poeira finíssima, contendo cristais de sílica. "Dessa forma, não somente os jateadores de areia como outros trabalhadores que estejam no mesmo ambiente estão expostos à doença", explicou.
De acordo com Patrícia, as repercussões clínicas variam desde falta de ar leve, que progride dependendo do tipo de silicose, até quadro grave de insuficiência respiratória. "Se houver um rápido desenvolvimento das lesões pulmonares, particularmente com a presença de cavitações, deve-se suspeitar de associação com tuberculose, patologia conhecida como silicotuberculose."
A pneumologista informou ainda que a silicose pode ser dividida em três formas de apresentação clínica. A forma crônica, causada por longos períodos de exposição, mais frequente nas atividades com exposição a pequenas concentrações de sílica livre por vários anos (mais de 10); a forma aguda, caracterizada pela exposição a altas concentrações de partículas pequenas de sílica livre, em ambientes fechados, mal ventilados e sem o uso devido de equipamentos de proteção (meses até cinco anos de exposição); e a forma acelerada, pela presença de grande quantidade de nódulos em vários estágios de desenvolvimento com forte tendência a convergir, formando conglomerados. Essa forma surge após períodos de exposição a elevadas concentrações de sílica livre (cinco a 10 anos).
Como forma de tratamento, Patrícia indica que, em alguns casos, podem ser utilizadas técnicas de reabilitação pulmonar e fisioterapia. “Outras considerações no tratamento incluem interrupção do hábito tabágico e retirada imediata do trabalhador da exposição. As ações preventivas devem estar voltadas para minimizar ou retirar o risco, ou seja, a substituição do produto nocivo por outro produto quando for possível“, alertou. Patrícia contou ainda que, desde 1992, o jateamento de areia está proibido no Rio de Janeiro e, desde 2004, no Brasil.
A palestra é a primeira de uma série de três sessões científicas realizadas pelo Cesteh nos próximos meses. Na segunda atividade, marcada para dia 2 de abril, o pesquisador do Cesteh, Ary Miranda, falará sobre as Reflexões acerca da situação e dos problemas referentes à crise socioambiental e seus reflexos à saúde humana: uma contribuição a partir do materialismo histórico e dialético. No terceiro e último encontro da série, marcado para 16 de abril, o tema será Aplicações da cronobiologia na saúde pública, com palestra da também pesquisadora do Cesteh, Liliane Reis Teixeira.
Por Amanda de Sá.
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