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Revista CSP publica suplemento sobre a saúde dos professores no Brasil

No mês de maio, a revista Cadernos de Saúde Pública (vol. 35, supl. 1, maio/2019) apresenta um panorama da saúde de professoras e professores da Educação Básica no Brasil. O editorial da publicação temática aborda as dimensões educação, trabalho e saúde, e os autores debatem conceitos e métodos de investigação da área de saúde dos trabalhadores para examinar as conexões entre o plano macro do setor educacional e o plano singular do processo saúde doença.

A seção Perspectivas aborda a saúde das professoras, os contornos de gênero e o trabalho no Ensino Fundamental. O texto se propõe a refletir como a convocação da ótica das relações sociais de gênero e da divisão sexual do trabalho pode contribuir para estudos mais pertinentes acerca da atividade de trabalho e saúde de professoras de escolas do Ensino Fundamental, trabalho desenvolvido majoritariamente por mulheres.

Lições de professores sobre suas alegrias e dores no trabalho está em debate na seção Ensaio. Por que adoecem os professores? Essa é a questão que o ensaio levanta e para qual sugere pistas de respostas. Após constatar que as doenças que prevalecem entre professores brasileiros são as mesmas que prevalecem entre professores do mundo todo, conclui-se que o nó do problema está no trabalho dos professores, o invariante da questão. É, portanto, esse trabalho que precisa ser melhor e mais conhecido e que deve ser o centro das atenções.

Na mesma seção, o suplemento traz o ensaio Uberização do trabalho: um novo tipo de fenômeno entre os docentes de São Paulo, Brasil?, que analisa questões como a flexibilização intencional das relações de trabalho, orientadas pelos princípios intrínsecos da Nova Gestão Pública. Foram realizadas pesquisas qualitativas, a partir das quais é feita uma correspondência com práticas de precarização do trabalho propagadas pela empresa Uber, tais como: trabalhadores sem contrato, intensificação do trabalho e ganhos minimizados. O estudo destaca fortes sinais do esfacelamento dos coletivos, assim como de processos de individualização no trabalho e de gerencialismo, mostrando como o neoliberalismo atinge os indivíduos, alterando valores e subjetividades, exaltando a competitividade e o individualismo nos processos de trabalho.

A edição temática de CSP traz artigos que tratam de questões diversas — desde absenteísmo no trabalho por distúrbios de voz em professores brasileiros até prevalência de tabagismo em professores brasileiros. O artigo Determinantes da capacidade para o trabalho docente na educação básica no Brasil, por exemplo, destaca que as relações entre estado de saúde e características do trabalho dos professores da Educação Básica são complexas e afetam negativamente a capacidade para o trabalho. Por sua vez, o artigo Pressão laboral, saúde e condições de trabalho dos professores da Educação Básica no Brasil traz informações sobre um universo de 2,2 milhões de professores da Educação Básica no Brasil. Os resultados mostram que 70% do grupo avaliado considera sua saúde como ruim e muito ruim e que estes profissionais se sentiram pressionados a comparecer ao trabalho mesmo quando estão doentes ou com dor.

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