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ENSP ratifica mestrado com foco nos movimentos sociais

O presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Paulo Gadelha, e o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública, Hermano Castro, receberam, na quarta-feira (19/3), o membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile. O encontro marcou a oficialização do Mestrado Profissional em Trabalho, Saúde, Ambiente e Movimentos Sociais, um curso da ENSP/Fiocruz que faz parte da estratégia de implementação da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta (PNSIPCF). O edital do mestrado foi lançado em dezembro de 2013 e os coordenadores estão fechando a seleção dos alunos. "A importância desse curso se manifesta pela possibilidade de transferirmos para a sociedade, de um modo geral, e não apenas para o sistema de saúde formal, o conhecimento sobre as discussões de saúde e ambiente no país", afirmou o diretor da ENSP.

O mestrado profissional foi concebido após a participação de Stedile na aula inaugural da ENSP em 2012, ocasião em que difundiu a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida – apoiada pela Fiocruz. Coordenado pelos pesquisadores Marcelo Firpo de Souza Porto e Ary Carvalho de Miranda, o curso é voltado para profissionais graduados em cursos reconhecidos pelo MEC, em qualquer área do conhecimento, e que atuam na Saúde, na Educação do Campo e nas Ciências Agrárias, em áreas de Reforma Agrária e/ou comunidades camponesas. A aula inaugural está marcada para o dia 5 de maio, com palestra do próprio coordenador do MST.

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, afirmou que o desenvolvimento do mestrado profissional voltado para os movimentos sociais faz parte de uma tradição da Fundação.

“Essa iniciativa tem muito significado para a Fiocruz, uma vez que faz parte da tradição dessa instituição dialogar com os movimentos sociais. É a partir desse diálogo que passamos a refletir sobre o que é relevante do ponto de vista da nossa produção científica, acadêmica e integração social. Essa associação tem uma dimensão maior quando consideramos nossas parcerias nas questões ligadas ao agrotóxico e seus efeitos na saúde da população. O mestrado tem muito valor, pois é uma das formas de traduzirmos a pesquisa e a produção do conhecimento para a formação de pessoas que vão atuar no campo. Trata-se de uma construção política totalmente dentro da vertente de atuação da Fiocruz”.

O diretor da ENSP, Hermano Castro, destacou a possibilidade de fortalecimento da área rural. “O sistema de saúde brasileiro ainda é frágil no campo. O mestrado irá capacitar profissionais para discutir o processo de reforma agrário do país, com a possibilidade de desenvolver projetos e sistemas mais sustentáveis para o campo. Transferir conhecimento para essa sociedade é importante, preferencialmente para uma população com um histórico de desigualdade. Essa é uma discussão longa e que vai rebater na utilização de agrotóxicos e na produção de alimentos saudáveis.”

O ativista social João Pedro Stedile elogiou a metodologia do curso e enalteceu o trabalho em parceria com a Fiocruz.

“A Fiocruz tem uma longa parceria com os movimentos sociais do campo. Graças ao seu processo de abertura para a sociedade e para a comunidade em geral passamos a dialogar para estabelecer parcerias. E nesses anos todos, a instituição já realizou cursos de especialização de nível médio em saúde e meio ambiente para formação de agentes de saúde nos assentamentos do país, e trabalhamos em parceria na Campanha Nacional Contra o Agrotóxico. Construir o mestrado com esse tema era um antigo desejo, visando uma melhor preparação para os nossos professores, agrônomos, médicos e demais profissionais que atuam nos assentamentos, mas não tiveram na sua carreira esse conhecimento mais especifico e aprofundado. A metodologia do curso não tira os profissionais da sua área de atuação, pois a produção de conhecimento está atrelada à sua prática.”

Participaram do encontro pela Fiocruz os coordenadores do curso, Ary Carvalho de Miranda e Marcelo Firpo de Souza Porto, a coordenadora de mestrado profissional da ENSP, Marly Marques da Cruz e Paulo César de Castro Ribeiro, diretor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).