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Sem saber o problema fica bem mais difícil prevenir
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Outra dificuldade é em relação ao diagnóstico nos casos intoxicação por substâncias relacionadas ao trabalho...
Quando se fala em saúde pública dificilmente vem à mente as ações e soluções encontradas pelos governos e isso justamente por que os problemas são muito maiores do que os esforços para solucioná-los. Muito tem se falado sobre o trabalho de prevenção, principalmente com a implantação do PSF (Programa Saúde da Família), que busca humanizar o atendimento e prevenir diversos problemas de saúde por meio do contato mais próximo do profissional de saúde com a população em geral. Ainda assim, a saúde é um grande desafio e a prevenção, um desafio maior ainda.
Quando o assunto é saúde do trabalhador, parece que a prevenção é algo muito mais praticável, mas de acordo com o que foi abordado na Conferência Macro Regional da Saúde do Trabalhador, que aconteceu ontem (12), a subnotificação de casos de óbito e a dificuldade na hora do diagnóstico de uma doença relativa ao trabalho dificultam ações de prevenção, já que sem a notificação adequada fica difícil impedir que outros casos voltem a acontecer. Um dos desafios para a Região Oeste quando se trata de saúde do trabalhador é fazer com que as empresas e os próprios trabalhadores entendam a importância de não camuflar as informações sobre problemas de saúde ou óbitos relacionados ao trabalho para que as políticas públicas visando este público possam ser mais efetivas.
O encontro aconteceu no Ceavel (Centro de Aperfeiçoamento dos Servidores Públicos do Município de Cascavel) e reuniu as Regionais de Saúde de Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo, além de trabalhadores e entidades que representam estes trabalhadores. De acordo com a médica da 10ª Regional de Saúde, Lilimar Mori, esta é uma primeira etapa de conferências até chegar à etapa nacional. Neste primeiro encontro o objetivo é identificar o perfil dos trabalhadores da região para trabalhar as ações de saúde de acordo com este público.
“O perfil produtivo do Oeste gira em torno da produção agrícola, dos frigoríficos, da construção civil, prestadores de serviço e outros segmentos mais pontuais, como indústrias. Tendo o conhecimento destes perfis, nós vamos elaborar propostas para levar à Conferência Estadual”, diz a médica.
A preocupação maior na região está relacionada à intoxicação, principalmente por agrotóxicos, já que o Paraná é o 3º maior consumidor de agrotóxicos e o Brasil é o 1º no mundo todo.
“Há agrotóxicos liberados no Brasil que há muito tempo estão proibidos lá fora. E a dificuldade de diagnóstico é grande, por que alguns destes agrotóxicos causam até mesmo sintomas de depressão e fica difícil saber que a causa foi o agrotóxico”, explica a enfermeira do Cest (Centro Estadual de Saúde do Trabalhador), Cristiane Müller.
Frentistas estão suscetíveis à intoxicação por benzeno
Uma prática comum, mas nada saudável para o frentista e nem para o cliente: encher o tanque até a boca. Parece algo inofensivo, mas ao longo dos anos, inalar o vapor que sai da máquina quando o frentista abastece além do automático, podem lhe custar futuramente muitos transtornos com a saúde e levar à morte.
O problema é tão sério que o Estado até lançou uma campanha de conscientização com o objetivo de reduzir o número de casos de trabalhadores intoxicados pela exposição ao benzeno, que é liberado neste vapor que sai ao abastecer os automóveis. O presidente do Sindicato dos Frentistas, que também esteve na conferência, Antonio Vieira Martins, explica como abastecer no automático é mais seguro.
“Quando frentista abastece com a bomba no automático ele consegue manter distância do tanque e inalar menos o benzeno”.
No entanto, ele afirma que apesar da campanha, que já esclareceu muita coisa sobre a intoxicação, a dificuldade de diagnosticar uma doença causada pelo benzeno é grande e nem sempre os empregados e empregadores sabem a quem recorrer.
A intoxicação por benzeno é uma das principais causas de afastamento por doença dos trabalhadores dos postos de combustíveis, já que a inalação da substância por um longo período pode afetar o sangue e a medula óssea, além de causar transtornos neurológicos. Alexander Rodrigues é gerente externo de um posto de combustível e há quase 15 anos trabalha nesta área. Ele conta que sabe dos riscos e toma cuidado, mas dificilmente associa algum problema de saúde com o trabalho que desempenha.
“Nós temos o acompanhamento médico periódico, pelo menos uma vez ao ano, para constatar se não há algum problema de saúde por causa da exposição ao benzeno. Se acontece de eu ter que procurar atendimento médico por outra razão, eu busco tratar, mas sem relacionar ao meu trabalho”.
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