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Rondônia- Centro de Saúde do Trabalhador vai inspecionar frigorífico
Abas primárias
No último balanço realizado em 2004 foram visitadas 930 propriedades e cerca de 9.000 animais
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), através do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), realiza no período de 30 de março a 04 de abril uma ação conjunta com a sua unidade regional em Cacoal para uma visita técnica a um frigorífico em São Miguel do Guaporé para verificar e acompanhar denúncias sobre possíveis casos de brucelose em humanos.
As denúncias foram feitas pelo Conselho Municipal de Saúde de São Miguel do Guaporé, que ao tomar conhecimento dos primeiros casos acionou o Conselho Estadual de Saúde. Foi protocolada uma notificação para o Ministério Público do Trabalho dando ciência do caso que, por sua vez, encaminhou pedidos de providências para o Cerest/RO e para a Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa), para que realizassem as vistorias.
Rondônia é um Estado que possui sua base econômica fundamentada na agropecuária, motivo pelo qual a notícia de um surto de brucelose gera um alerta das autoridades. A Agência de Defesa Agrossilvopastoril de Rondônia (Idaron), com acompanhamento de técnicos, faz a análise das amostras de sangue do rebanho estadual que são coletadas.
Defesa
No último balanço realizado em 2004 foram visitadas 930 propriedades e cerca de 9.000 animais inclusos na triagem inicial. De acordo com Fabiano Alexandre dos Santos, diretor técnico em exercício da Idaron, “este trabalho tem por objetivo nortear as ações para o combate e controle da doença no Estado”.
A previsão é que até o final de abril seja concluída esta etapa da ação, com o envio do material coletado para o Laboratório Lanagro, em Pedro Leopoldo (MG), que é referência no estudo da brucelose. Embora seja difícil precisar índices, Fabiano explica que deverá haver uma redução acentuada após a coleta e mensuração dos dados.
Com os resultados da pesquisa de 2004, em que 26% das propriedades rurais participantes possuíam um animal improdutivo, houve todo um trabalho que incluiu abordagens educativas junto aos produtores, ações de vacinação, controle do trânsito de animais e vigilância sanitária nas propriedades, tudo com o objetivo de garantir a melhoria do rebanho rondoniense em nível nacional.
Brucelose
A doença recebeu esse nome em homenagem ao pesquisador David Bruce, que identificou a bactéria Brucella melitensis em 1887, num surto entre militares ingleses que tomaram leite de cabra cru, na Ilha de Malta. Até hoje foram identificados sete espécies de Brucella (abortus, suis, canis, ovis, neotosomal, ceti e pennipedialis), mas a que foi registrada no interior do Estado foi a do tipo abortus.
A B. abortus causa aborto no fim de gestação em vacas e búfalas no primeiro e no segundo partos, ou o nascimento de bezerros fracos, que morrem em seguida. Retenção de placenta é muito comum nessas fêmeas, seguida de metrite, a inflamação no útero da vaca. Nos touros, a bactéria se instala nos epidídimos e testículos e pode levar à esterilidade.
Vacinação
Proprietários de fêmeas com idade de três a oito meses devem vaciná-las contra a brucelose, atentando que após a vacinação o animal deve receber a marcação (V+número correspondente ao ano), na face esquerda, que é a indicação de que aquele animal está protegido. O produtor deverá declarar a vacinação junto à Idaron. O prazo de comprovação para os animais vacinados no primeiro semestre é até 30 de junho e os vacinados no segundo semestre 31 de dezembro.
O produtor que não se regularizar o quanto antes, fica impossibilitado de tirar a guia de trânsito animal (GTA) e de realizar qualquer outra atividade junto a Inspetoria Veterinária e Zootécnica.
Saúde do Trabalhador
A brucelose é considerada uma doença profissional pelos órgãos de saúde e o Cerest, responsável pelos agravos relacionados ao trabalhador, busca cumprir seu papel. “Vamos fazer uma visita técnica sobre vigilância em saúde do trabalhador e um levantamento da real situação que está acometendo os trabalhadores daquele frigorífico”, afirma a gerente do centro em Rondônia, Ana Flora Gerhardt.
Com uma média de 500 mil novos casos registrados a cada ano, a brucelose é uma doença sistêmica que, nos quadros mais graves, pode afetar vários órgãos, entre eles o sistema nervoso central, o coração, os ossos, as articulações, o fígado e os aparelhos reprodutor e digestivo.
A infecção se dá com o contato direto com animais doentes ou na ingestão de leite não pasteurizado e produtos lácteos contaminados, como queijo e manteiga, por exemplo, carne mal passada e seus subprodutos. Seus sintomas são febre, suor intenso, abatimento, cansaço, anorexia, perda de peso, tosse, cefaleia, dores nas articulações, costas, depressão e por vezes sua identificação se assemelha aos sintomas da dengue.
Também conhecida como febre de malta, a doença é caracterizada como uma zoonose, pois é transmitida do animal para o homem. Economicamente é responsável por consideráveis perdas financeiras no rebanho bovino.
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