Você está aqui

Registros de acidentes de trabalho passam de mil em Rio Preto, SP

Cerca de 30 trabalhadores se ferem no serviço diariamente. Números são considerados preocupantes para autoridades.

Segundo dados do Centro de Saúde de São José do Rio Preto (SP) mais de mil casos de acidentes no local de trabalho são registrados por mês. Os números preocupam até mesmo autoridades da cidade.

Foi o que aconteceu com o operador de caldeira Eustáquio Joaquim Neto, que precisou ficar afastado quase 20 dias do trabalho. “Eu trabalho em uma destilaria de álcool lá em Fernandópolis e certo dia eu fui atingido pelo líquido que fica dentro dela, o que me deixou com sérias queimaduras de segundo grau ”, diz.

O susto que Eustáquio teve serviu de exemplo para a empresa, que depois do acidente melhorou a estrutura para todos os seus funcionários.

Há 25 anos o advogado Lourival Gomes da Silva, também passou pela mesma situação. Ele trabalhava em uma usina de álcool e ficou 45 dias afastado. “Eu estava trabalhando na oficina da empresa, quando um motor de mais de 200 quilos caiu em cima da minha mão”, diz.

Atualmente advogado, ele tem problemas na profissão. “Mesmo depois de tantos anos, eu tenho dificuldade para digitar, o que acaba sendo muito negativo para a minha profissão” conta.

Os constantes casos de acidentes de trabalho preocupam autoridades. Em um seminário organizado pelo sindicato dos trabalhadores nas indústrias da fabricação do álcool, químicas e farmacêuticas (Sindalquim) de Rio Preto, o principal assunto do encontro é a segurança e para o presidente do sindicato Almir Aparecido Fagundes, o assunto é sério. “Cada vez mais trabalhadores estão participando dos nossos seminários, isso é um direito deles. O reflexo desse número de trabalhadores mais informados é a diminuição dos acidentes de trabalho, o que é bom para a empresa e os trabalhadores”, conta.

O número de acidentes reflete também nos cofres públicos, em 2011 o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) gastou quase R$ 270 milhões só na região de Rio Preto, com trabalhadores que ficaram afastados por acidentes no trabalho. Segundo o diretor do departamento de saúde do trabalhador João Escaboli, no total, 6.555 ocorrências foram registradas. “Os números mostrados recentemente são preocupantes, de maneira que o governo está fazendo uma política para diminuir os casos”, explica.

Os setores da metalúrgica, saúde e construção civil liberam estes números preocupantes no Ranking de Rio Preto. Só em canteiros de obras, foram mais de 630 registros no ano passado. De acordo com um levantamento da prefeitura, por dia, cerca de 30 trabalhadores sofrem acidentes no trabalho.

O número é considerado alto pelos especialistas, o que reflete na realidade. Nas ruas não é difícil encontrar situações de risco. Em uma obra na cidade um trabalhador não usa capacete, um item considerado obrigatório. Já outro funcionário trabalha em uma altura de cerca de 15 metros não utilizando cinto de segurança.

Mesmo com o cenário preocupante, existem bons exemplos. Como o caso da empresa em que o técnico de segurança do trabalho, Ageziandro Martins trabalha. “Aqui, a estratégia é a prevenção, somos em 70 funcionários e completamos quase 900 dias sem acidentes”, diz.

Na obra em que o funcionário não usava capacete, que fica na nova sede da caixa econômica federal a cidade, a construtora não quis comentar o assunto. Em uma situação como essa, a multa aplicada pelo Ministério do Trabalho chega a R$ 15 mil.