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A transformação do sofrimento em adoecimento: do nascimento da clínica à psicodinâmica do trabalho

RESUMO

Tem-se como pressuposto que o processo de transformação do sofrimento em adoecimento, na gestão do trabalho, está relacionado não apenas com a produção e reprodução de discursos originários da medicina científica, mas também com um conjunto de práticas sustentadas, na atualidade, pela medicina ocupacional. Partindo da diferenciação conceitual entre sofrimento, dor e adoecimento, buscou-se na literatura e em entrevistas com trabalhadores e gestores elementos para demonstrar a existência deste processo. Constatou-se uma tentativa de silenciamento do sofrimento e uma cultura da promoção do adoecimento no espaço da empresa, envolvendo trabalhadores, profissionais da saúde e os gestores com a cumplicidade de famílias de trabalhadores identificados como pacientes. No entanto, alguns casos oferecem resistência ao processo, constituindo um verdadeiro movimento do contra-adoecimento. Conclui-se que, nesses dois séculos de "medicina científica", embora houvesse desejo de mudança, renovação das práticas e investimentos das mais diversas ordens, atos iatrogênicos e violências foram e são cometidos ainda em nome da ciência, da saúde e do bem-estar dos trabalhadores.

Palavras-chave: Sofrimento psíquico, Saúde do trabalhador, Psicodinâmica do trabalho, Saúde ocupacional

 

Referência bibliográfica: 

BRANT, Luiz Carlos; MINAYO-GOMEZ, Carlos. A transformação do sofrimento em adoecimento: do nascimento da clínica à psicodinâmica do trabalho.Ciência & Saúde Coletiva, [Rio de Janeiro], v. 9, n. 1, p. 213-223, 2004. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232004000100021. Acesso em: 5 dez. 2018.