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Boletim CoVida N. 5: A saúde dos trabalhadores de saúde no enfrentamento da pandemia da COVID-19

A quinta edição do Boletim CoVida, intitulada “A saúde dos trabalhadores de saúde no enfrentamento da pandemia da Covid-19”, foi elaborada a partir de uma síntese de evidências científicas, baseada em revisão de artigos publicados em revistas nacionais e internacionais.

Entre as descobertas, identificou-se: a) os principais problemas de saúde (e de saúde mental) correlacionados à pandemia da Covid-19; b) as especificidades das diferentes categorias  profissionais e marcadores sociais, como raça, gênero e classe, dentre outros; c) as propostas, ações e estratégias que vêm sendo adotadas para o enfrentamento desses problemas, particularmente as ações voltadas para a promoção, proteção e assistência à saúde dos trabalhadores de saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia.

Além disso, este Boletim discute a possibilidade de adoção e/ou adequação dessas propostas à realidade brasileira e indica medidas que podem ser incluídas em protocolos dos serviços de saúde, tendo em vista a proteção e a promoção da saúde física e mental dos trabalhadores de saúde. 

A pandemia da Covid-19 tem produzido números expressivos de infectados e de óbitos no mundo. Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde, até 9 de maio de 2020, foram notificados 3.855.788 casos confirmados e 265.862 óbitos pelo novo coronavírus, afetando principalmente os continentes americano e europeu (WHO, 2020). A velocidade com que a Covid-19 tem se espalhado entre os países, e dentro de cada país, tem influenciado o cotidiano de bilhões de pessoas no planeta.

Diante da ausência de vacinas e de tratamento comprovadamente eficaz, as estratégias de distanciamento social têm sido apontadas como a mais importante intervenção para o controle da Covid-19, conforme destacamos no Boletim n. 2 da Rede CoVida. No entanto, para as equipes de assistência à saúde, especialmente aqueles profissionais que estão no cuidado direto de pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado de Covid-19 em serviços de atenção primária, nas unidades de pronto-atendimento e nos hospitais, a recomendação de permanecer em casa não se aplica. 

Os profissionais de saúde constituem um grupo de risco para a Covid-19 por estarem expostos diretamente aos pacientes infectados, o que faz com que recebam uma alta carga viral (milhões de partículas de vírus). Além disso, estão submetidos ao enorme estresse ao atender esses pacientes, muitos em situação grave, e por estarem em condições de trabalho, frequentemente, inadequadas. 

Ressalte-se que a força de trabalho na Saúde não é homogênea e que há diferentes níveis de exposição à infecção e ao adoecimento mental nos serviços de saúde. Sendo assim, é importante considerar os impactos dessa epidemia na saúde física e mental dos subgrupos específicos de trabalhadores de saúde, especialmente daqueles que, por motivos relativos à sua posição na divisão do trabalho na área ou à sua posição social, estão em situação de maior vulnerabilidade. 

A proteção da saúde dos profissionais de saúde é fundamental para se evitar a transmissão do novo coronavírus nos estabelecimentos de saúde e nos domicílios dos mesmos, sendo necessário adotar protocolos de controle de infecções (padrão, contato, via aérea) e disponibilizar EPIs, incluindo máscaras N95, aventais, óculos, protetores faciais e luvas. Além disso, deve-se proteger a saúde mental dos profissionais e trabalhadores de saúde, por conta do estresse a que estão submetidos nesse contexto.