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Nova pesquisa reforça o estresse dos professores no Estado

Levantamento aponta que 58,4% dos docentes sofre com a doença

Os principais aspectos apontados como fatores de estresse em mais de 58,4% dos professores do ensino privado gaúcho são a sobrecarga de atividades extraclasse, o excesso de demandas e os prazos estabelecidos para executar as atividades. Como forma de evitar que os números ganhem maiores proporções a pesquisa encomendada ao Departamento de Pós-graduação em Psicologia da Unisinos pela Federação dos Trabalhadores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (FETEE/Sul) e pelo Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro/RS) foi enviada ao Ministério Público do Trabalho (MPT), que vem intermediando as negociações com relação ao direito que os professores têm ao descanso, e ao Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino Privado no Estado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS).

De acordo com o estudo, os trabalhos extraclasses que mais prejudicam os docentes são a preparação de aulas e provas, as correções de provas e a elaboração de pareceres e relatórios. Além disso, na pesquisa qualitativa, foi destacado pelos participantes que existe uma exigência de atividades que não é proporcional ao número de horas pagas. Estes dados indicam a necessidade de se pensar em novas estratégias para diminuir o excesso de atividades do professor.

A pesquisa foi feita com 202 professores, que atuam na Educação Infantil, nos níveis Fundamental e Médio e no Ensino Superior (graduação e pós-graduação) nas cidades de Caxias do Sul, Passo Fundo, Santa Maria, Pelotas, Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo. A coordenadora do levantamento afirma que o número de pesquisados se justifica pela sua qualificação em relação ao universo do ensino privado e ao perfil destes professores. A escolha dos municípios se justifica por serem os principais centros urbanos do estado. Os participantes têm entre 25 e 70 anos de idade, sendo a maioria mulheres (64,9%), e 36% cumprem carga horária semanal de 20 a 40 horas. A maioria dos professores (52%) desenvolve suas atividades em uma única instituição e (71,4%) não possuem outra atividade remunerada.

Chama a atenção o alto índice de estresse entre os professores na comparação com outros estudos e com as diferentes categorias profissionais. Além do alto índice de estresse, constatou-se uma incidência de Síndrome de Burnout - identificada como um tipo de esgotamento profissional - em 16,8% dos professores abordados, enquanto que entre policiais militares e bancários, por exemplo, o índice tem sido de 47%. Segundo a coordenadora da pesquisa, a docente do Departamento de Pós-graduação em Psicologia da Unisinos Janine Monteiro, o estresse relacionado ao trabalho é classificado em quatro fases: alerta, resistência, pré-exaustão e exaustão, sendo que a maioria dos entrevistados (50,5%) se identifica com o estágio de resistência ao estresse. “Essa fase do estresse não é a mais grave, pois apesar do desgaste físico e emocional que acarreta, é possível de ser revertido com políticas preventivas”, explica Janine.

O diretor do Sinpro/RS, Sani Cardon, acredita que os resultados reforçam as reivindicações dos professores do ensino privado por melhorias nas condições de trabalho, além de reafirmar os índices de estresse que haviam sido constatados em outro levantamento feito em 2009. “A hipótese de que os nossos professores estão adoecendo já acontecia, nós só não tínhamos a comprovação científica. A pesquisa indica a necessidade da redução do número de turmas por docente, do número de alunos por turma e a contratação de mais professores e profissionais técnicos administrativos para auxiliar nos trabalhos burocráticos”, alerta Cardon. Essas ações visam à melhoria na qualidade de vida dos professores, bem como a valorização do trabalho.