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Amianto

"O amianto, também conhecido como asbesto, é a denominação de um grupo de fibras minerais extraídas de rochas metamórficas compostas basicamente de silicato de magnésio. É abundante na natureza em todo o planeta e é facilmente lavrado e processado. Possui características que lhe conferem grande utilização industrial, além do baixo custo de produção, como a de ter uma excelente resistência mecânica e térmica. Pode ser facilmente tecido na produção de artefatos têxteis resistentes ao calor e à chama. Quando misturado ao cimento, produz um material muito resistente e versátil - o cimento-amianto - empregado em telhas, caixas d´água, painéis lisos, divisórias, forros etc. São duas as famílias mais comuns de rochas amiantíferas, a serpentina e os anfibólios. A serpentina corresponde à crisotila ou amianto branco, o único tipo ainda permitido no Brasil.

"O amianto é classificado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) da Organização Mundial de Saúde (OMS) como pertencente ao Grupo 1, isto é, dos agentes reconhecidamente cancerígenos para os seres humanos. Pode causar diversos problemas à saúde, entre os quais doenças respiratórias não-malignas, placas pleurais1 da Classificação Internacional das Doenças, CID-10ª. Revisão) e a asbestose (pneumoconiose por amianto), e malignas como o câncer de pulmão, laringe, ovário, e o mesotelioma de pleura, pericárdio e peritônio. O mesotelioma é um tipo raro de câncer do tecido mesotelial (revestimento de órgãos do tórax e abdômen) cujoprincipal agente causador reconhecido é o amianto" (UFBA/ISC/PISAT – MS/DSAST/CGSAT, 2012)

CARACTERIZAÇÃO

Entende-se por asbesto, também denominado amianto, a forma fibrosa dos silicatos minerais pertencentes aos grupos de rochas metamórficas das serpentinas, isto é, a crisotila (asbesto branco), e dos anfibólios, isto é, a actinolita, a amosita (asbesto marrom), a antofilita, a crocidolita (asbesto azul), a tremolita ou qualquer mistura que contenha um ou vários destes minerais.

USOS E EXPOSIÇÃO

O processo de extração de rochas amiantíferas, furação, corte, desmonte, trituração, peneiramento e manipulação dessas rochas expõem os trabalhadores a possíveis danos à saúde, assim como qualquer colocação ou demolição de produtos de amianto que produza partículas atmosféricas de amianto, como no caso de trabalhadores da construção civil (principalmente encanadores, os que fazem colocação e reforma de telhados, isolamento térmico de caldeiras e tubulações).

Mistura, cardagem, fiação e tecelagem de amianto também expõem seriamente o trabalhador. A fabricação de materiais de fibrocimento, ou cimento-amianto, responde por aproximadamente 90% do asbesto consumido no Brasil e é responsável pela produção de telhas, caixas d’água, tubulações, placas de revestimento, painéis divisórios, etc. A instalação desses produtos com furação e abrasão pode expor os trabalhadores (encanadores, por exemplo)
ao amianto.

O asbesto é empregado, também, na fabricação de discos de embreagem, pastilhas e lonas de freios para automóveis.

Os fios de asbesto possuem aplicação na confecção de mantas para isolamento térmico de caldeiras, motores de automóveis, tubulações e equipamentos diversos utilizados nas indústrias química e petrolífera e também  na produção de roupas especiais (macacões, aventais e luvas), que servem como isolantes térmicos para trabalhos em ambientes de altas temperaturas. As fibras de asbesto permitem a produção de laminados de papel ou papelão que são usados no isolamento térmico e elétrico de fornos, caldeiras, estufas e, juntamente com os tecidos de amianto, servem para a produção de juntas de revestimento e vedação, guarnições diversas, além de massas especiais usadas nas indústrias automotiva e de extração de petróleo.

Placas com amianto são usadas para proteção do calor gerado pelos fornos e podem soltar fibras que expõem também os trabalhadores que fazem a limpeza (varrição) do local de trabalho. O asbesto é ainda utilizado na confecção de filtros especiais, empregados nas indústrias farmacêutica e de bebida (cervejas e vinhos) e na fabricação de soda cáustica.

Doenças Causalmente Relacionadas

  • Mesotelioma do pericárdio (C45.2)
  • Placas epicárdicas ou pericárdicas (I34.8)
  • Asbestose (J60.-)
  • Derrame Pleural (J90.-)
  • Placas Pleurais (J92.-)

(Ministério da Saúde, 2001)

Audiência Publica sobre o amianto no STF, realizada nos dias 24 e 31 de agosto de 2012

Os riscos que o amianto traz para saúde

Médico da Fiocruz mostra que tipo de doenças a fibra pode causar para o trabalhador / Editoria: Economia / Reportagem: Cássia Almeida e Lino Rodrigues / Imagens: Márcia Foletto, Eliária Andrade e André Coelho / Edição: Eduardo Negri - Vídeo

Cidade do Amianto

A história de Bom Jesus da Serra, no sertão baiano Editoria: Economia / Reportagem: Cássia Almeida / Imagens: Márcia Foleto / Narração: Gustavo Villela / Edição: Leonardo Dresch / Roteiro: Ricardo Mello e Paulo moreira - Vídeo

Bibliografia sugerida

BRASIL. Ministério da Saúde; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (Brasil). Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde; OPAS, 2001. 508 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos, n. 114). ISBN 85-334-0353-4. Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/doencas-relacionadas-trabalho-manual-procedimentos-os-servicos-saude. Acesso em: 17 dez. 2018.
MONIZ, Marcela de Abreu; CASTRO, Hermano Albuquerque de; PERES, Frederico. Amianto, perigo e invisibilidade: percepção de riscos ambientais e à saúde de moradores do município de Bom Jesus da Serra/Bahia. Ciência & Saúde Coletiva, [Rio de Janeiro], v. 17, n. 2, p. 327-336, [fev.] 2012. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000200007. Acesso em: 5 dez. 2018.
MORTALIDADE e morbidade dos agravos à saúde relacionados ao amianto no Brasil, 2000 a 2011. Boletim epidemiológico: informe do Centro Colaborador UFBA/ISC/PISAT - MS/DSAST/CGSAT, ano 2, n. 5, ago. 2012. Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/boletim-epidemiologico-morbi-mortalidade-agravos-saude-relacionados-amianto-brasil-2000. Acesso em: 14 dez. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Rio de Janeiro, RJ: Ministério da Saúde; INCA, 2012. ISBN versão online 978-7318-195-1. Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/diretrizes-vigilancia-cancer-relacionado-trabalho-ambiente. Acesso em: 14 dez. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde. Nota técnica nº 050/2004. Assunto: Posicionamento do Ministério da Saúde acerca da política nacional do amianto. Elaborado por: Guilherme Franco Netto, Marco Antonio Borda, Marco Antonio Gomez Perez, Luiz Cláudio Meirelles e Hermano Albuquerque de Castro. Brasília, 27 de julho de 2004. Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/portaria-interministerial-ndeg-8-19-abril-2004. Acesso em: 26 nov. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Pneumoconioses. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006. 76 p. (Saúde do trabalhador. Protocolos de Complexidade Diferenciada, 6.). (Série A. Normas e Manuais Técnicos). ISBN 85-334-1147-2. Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/protocolos-complexidade-diferenciada-pneumoconioses. Acesso em: 4 dez. 2018.