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Sílica

CARACTERIZAÇÃO

O silício e o oxigênio são os dois elementos mais importantes da crosta terrestre e formam uma unidade tetraédrica fundamental (SiO4), que consiste em um íon central de silício com íons de oxigênio ligados a ele em seus quatro cantos, formando uma estrutura tridimensional. Todas as formas de sílica – que se constitui no dióxido de silício (SiO2) – são compostos destes tetraedros com átomos de oxigênio, de maneira que cada cristal consiste em uma molécula gigante com fórmula estrutural geral SiO2. Quando combinada, é chamada de sílica livre. Cátions metálicos podem ser adicionados à sua estrutura, proporcionando formas e características diversas.

A sílica livre ocorre nas formas cristalina polimórfica, criptocristalina (que consiste de minúsculos cristais) e amorfa (não-cristalina).

A diferenciação entre sílica livre e combinada é muito importante. A sílica livre é a substância que possui um potencial fibrogênico para os pulmões mais difundida na natureza. Porém, exemplos de sílicas combinadas, que são fibrogênicas (principalmente o grupo de minerais do asbesto), são de distribuição mais restrita. As formas de sílica livre são o quartzo, a tridimita e a cristobalita, que são estruturalmente diferentes, mas quimicamente idênticas, ou seja, são alotrópicas. As formas criptocristalinas são a pederneira, a calcedônia e a opala. Elas são geralmente chamadas de sílica amorfa, o que é incorreto. O exemplo mais importante de sílica amorfa do ponto de vista de doença pulmonar é a diatomita (terra diatomácea). O quartzo pode ser transformado em suas formas alotrópicas sob a influência de altas temperaturas ou pressões ou na presença de certos íons metálicos. Quando o quartzo é submetido a temperaturas de aproximadamente
1000o C, ele é convertido em tridimita e, a temperaturas mais altas (1400o C), em cristobalita. As formas amorfas e as criptocristalinas também podem ser transformadas em tridimita e cristobalita sob as mesmas condições de temperatura.

A sílica é utilizada na fabricação de vidros (foscamento com jatos de areia), porcelanas, cerâmicas e louças, inclusive louça sanitária.

Ela é empregada também na fabricação de lixas, mós, rebolos, saponáceos, pós e pastas para desbaste e polimento de metais e pedras preciosas e semipreciosas.

Em fundições de metais, a sílica é empregada no processo de limpeza e acabamento das peças – rebarbação, em processos de moldagem e no jateamento abrasivo. A perfuração de poços em áreas secas do Nordeste e o jateamento de areia em estaleiros constituem atividades de alto risco de exposição, nas atuais condições brasileiras.

USOS E EXPOSIÇÃO

A extração de minérios (trabalhos no subsolo e a céu aberto), os trabalhos em pedreiras, a fabricação de material refratário para fornos, chaminés e cadinhos e a instalação de tijolos refratários na indústria do aço (principalmente os que contêm altas conceantrações de quartzo para o revestimento de altos fornos) são potenciais fontes de exposição à SiO2.

Doenças Causalmente Relacionadas

  • Neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão (C34.-)
  • Cor Pulmonale (I27.9)
  • Outras Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (Inclui Asma Obstrutiva,
  • Bronquite Crônica, Bronquite Obstrutiva Crônica) (J44.-)
  • Silicose (J62.8)
  • Pneumoconiose associada com Tuberculose (Sílico-Tuberculose) (J63.8)
  • Síndrome de Caplan (J99.1; M05.3)

Fonte:  Ministério da Saúde do Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde / Ministério da Saúde do Brasil, Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil; organizado por Elizabeth Costa Dias ; colaboradores Idelberto Muniz Almeida et al. – Brasília:  <inistério da Saúde do Brasil, 2001. ISBN 85-334-0353-4

Número de registro CAS (Chemical Abstrat Service): 7631-86-9
Nome químico: Dióxido de silício
Fórmula molecular: SiO2.

Sinônimos: Cristalina: coesista, cristobalita, jasper, sílica microcristalina, quartzo, quartizito, entre outros. Amorfa: Sílica coloidal, terra diatomácia, diatomita, sílica "fumed" sílica fused, opala, sílica gel, sílica vítrea, entre outros

Nomes comerciais: Cristalina: BRGM, D&D, DQ12, Min-U-Sil, Sil-Co-Snowit. Amorfa: Aerosil, Celite, Ludox, Silcron G-910.

Bibliografia sugerida

BRASIL. Ministério da Saúde; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (Brasil). Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde; OPAS, 2001. 508 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos, n. 114). ISBN 85-334-0353-4. Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/doencas-relacionadas-trabalho-manual-procedimentos-os-servicos-saude. Acesso em: 17 dez. 2018.
Atenção à saúde dos trabalhadores expostos à poeira de sílica e portadores de silicose, pelas equipes da Atenção Básica/Saúde da Família: protocolo de cuidado / Coordenação Elizabeth Costa Dias ; Ana Paula Scalia Carneiro... [et al.] ;. -- Belo Horizonte: Nescon/UFMG, 2017. 76 p.
RIBEIRO, Fátima Sueli Neto; CAMARGO, Esther Archer de; ALGRANTI, Eduardo  and  WUNSCH FILHO, Victor. Exposição ocupacional à sílica no Brasil no ano de 2001. Rev. bras. epidemiol. [online]. 2008, vol.11, n.1, pp.89-96. ISSN 1415-790X.  http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2008000100008.
RIBEIRO, F. S. N. Mapa da exposição à sílica no Brasil. UERJ/Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: <http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/mapa-exposicao-silica-brasil>. Acesso em: 20/10/2019.
Alcinéa Meigikos dos Anjos Santos [et al.]. Marmorarias : manual de referência : recomendações de segurança e saúde no trabalho.2008.São Paulo : FUNDACENTRO. Disonível em: <http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/marmorarias-recomendacoes-seguranca-saude-trabalho>
BRASIL. Ministério de Estado da Saúde. Portaria nº 777, de 28 de abril de 2004. Dispõe sobre os procedimentos técnicos para a notificação compulsória de agravos à saúde do trabalhador em rede de serviços sentinela específica, no Sistema Único de Saúde - SUS. Diário Oficial da União: seção 1, n. 81, p. 37, 29 abr. 2004. Disponível em: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=37&data=29/04/2004.
RIBEIRO, Fátima Sueli Neto et al. Processo de trabalho e riscos para a saúde dos trabalhadores em uma indústria de cimento. Cad. Saúde Pública [online]. 2002, vol.18, n.5, pp.1243-1250. ISSN 0102-311X.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2002000500016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Pneumoconioses. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006. 76 p. (Saúde do trabalhador. Protocolos de Complexidade Diferenciada, 6.). (Série A. Normas e Manuais Técnicos). ISBN 85-334-1147-2. Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/protocolos-complexidade-diferenciada-pneumoconioses. Acesso em: 4 dez. 2018.